domingo, 2 de setembro de 2012

É um pouco estranho. O sentimento, digo, era um pouco estranho. Não podia ser comparado a nada. Era maior que tudo, mas, ao mesmo tempo, tremendamente pequeno. E mais: vivia dentro de seu ventrículo esquerdo, bem à vontade. Nunca havia sentido nada assim. Nada tão poderoso, grande, forte, que houvesse feito tanto barulho. Nunca. E isso a deixava um pouco assustada. Porque, por maior e mais forte que parecesse ser, era tão frágil e volúvel quando uma folha caída de uma árvore. Se balançava de lá pra cá, movida pelo vento. Mudava de idéia ao menor toque. Continuava ali, mas se transformava, jamais chegava a desaparecer por completo. Em alguns momentos fazia ela ficar vermelha, o sangue subia para as bochechas por causa do amor. Mas, outras vezes, a cor provinha da raiva. E a culpa de tudo era apenas dela e daqueles olhos cor de caramelo derretido e daquele sorriso desinteressado e seu olhar indescritível. Tantos sentimentos dentro de uma, tão poucos sentimentos dentro da outra.

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